O POEMA E A CANETA

 


 

Eu ainda não existo,

pensou o Poema, cheio de pena.

Havia tanta ansiedade em querer existir,

que até se permitiu

sentir falta da sua amiga, a Caneta.

Era com ela que adormecia todas as noites

para acordar na madrugada,

com uma inspiração vinda do nada.

Mas percebeu, decepcionado,

que sua amiga a Caneta, andava ausente.

E por não saber o motivo,

decidiu procurar a amiga.

Encontrou-a adormecida em cima

de um caderno com folhadas manchadas.

Alguma coisa havia acontecido,

e vendo a amiga, assim desfalecida,

quis saber logo qual o motivo.

A Caneta aguardara tanto tempo ser utilizada,

que acabara assim,

suando por todos os poros.

Aquele suor azulado que tantas vezes dera vida

a tantos personagens, criados pela Imaginação,

agora era só um borrão sem serventia.

O Poema se emocionou ao ver a amiga tão deprimida,

mas já sabia o que acontecia.

A Imaginação não precisava mais da Caneta,

Tudo era escrito na tela do computador

e com isso, a caneta chorou de dor.

Sentiu que suas forças a estavam abandonando,

e desfaleceu nos braços do Poema.

 

 

Débora Benvenuti

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