O Coração acordou certa manhã
e procurou pela Imaginação,
por que desejava fazer
uma declaração ao Amor.
Percebeu que a porta estava aberta
e calculou que a Imaginação
havia partido muito cedo,
levando todos os seus segredos
e assim sendo,
o Coração ficara despido
de todos os seus desejos.
Saiu então a procura
da Imaginação e a encontrou
à tardinha, já muito longe
do Coração no qual vivia,
na mais completa harmonia.
Mas estava cansada.
O fardo que carregava
era pesado e ela mal se continha
com todos os segredos que mantinha.
O Coração a alcançou
e com ela confabulou:
- Não me deixes sozinho.
Preciso da tua companhia.
Você era tudo que eu tinha!
- Preciso espairecer,
falou a Imaginação,
pouco antes do entardecer.
- Está anoitecendo,
falou o Coração,
já meio amedrontado
com a escuridão.
- Já fui muito longe e se eu voltar,
serei novamente escravo
do teu coração.
- Prometo que te deixo livre,
se voltares para casa comigo.
- E não vais mais me usar,
para fazer o Amor acreditar
que ficarás doente
se ele não aparecer?
- Sejamos coerentes.
Você volta comigo
e eu nunca mais digo
que estou morrendo de Amor,
quando ele aparecer
e me der uma flor.
A Imaginação achou justo
o pedido do Coração
e voltou para casa imaginando
o que dizer para o Amor,
quando ele chegasse
e ao Coração o seu
coração entregasse...
Débora Benvenuti
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