A SOMBRA



Depois de muito me acompanhar
em noites enluaradas,
nas tarde encabuladas,
quando todos dormiam a sesta
sem pensar mais em nada,
sinto que não mais tenho
quem me siga na calçada.
A minha sombra se ausentou
e nem recado me deixou.
Procurei-a por todo o lado
e ninguém sabia me dizer
o que minha Sombra andava a fazer.
Perguntei ao Vento
se ouvira algum lamento,
algo que indicasse
que minha sombra sofria
de alguma dor que eu não sabia,
mas o Vento,indiferente
só por mim passou e nada falou.
Então a encontrei de braços dados
com outra Sombra que a mantinha ao seu lado.
As duas estavam apaixonadas
e me pediram que as deixassem partir,
sem nada pedir.
Simplesmente,
as deixasse existir.
Nesse instante percebi,
que mesmo sendo Sombras
eu não tinha o direito de impedir.
E lá se foram as duas,
caminhando lado a lado,
esquecidas de que Sombras
só são vistas na madrugada,
quando a lua encabulada
ilumina a rua lá do alto,
projetando sombras na calçada..



Débora Benvenuti

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