A
Saudade sentia-se muito só
e
encontrou o Tempo,
que
passava naquele instante,
devagar,sem
pressa
e sem
saber onde chegar.
Nenhum
dos dois estava
com
vontade de falar.
A
Saudade sentia uma dor enorme,
que
lhe impedia de pensar.
Eram
um sentimento tão forte,
impossível
de suportar.
Por
mais que tentasse
esquecer
o que a fazia sofrer,
não
conseguia dessa sensação
se
desfazer.
O
Tempo,por sua vez,
estava
perdido.
Perambulava
pelas esquinas
do seu
pensamento
e por
mais que tentasse,
não
encontrava o que procurava
e isso
o deixava fatigado.
Carregava
consigo pesadas correntes,
que o
torturavam,
a cada
passo que dava.
Corria
sem tempo de chegar
e isso
era muito desgastante.
Perdera-se
no tempo
e
estava sem tempo para pensar.
Desde
que fora descoberto,
nunca
mais encontrara tempo
para
si mesmo.
Estava
sempre correndo
de um
lado para outro.
Era
muito procurado
e
muitas vezes amaldiçoado.
Perdia-se
muito tempo
tentando
fazer o Tempo passar.
Havia
sempre alguém querendo
controlá-lo
e isso o deixava desanimado.
Muitas
vezes corria apressado,
mas
sempre chegava atrasado.
Então
chegava a Saudade
e o
deixava ainda mais amargurado.
Sentia
saudades do tempo
em que
não se preocupava
com o
próprio tempo.
Mas a
Saudade sempre lhe perguntava
se já
havia esquecido daquele Tempo
em que
havia Tempo para tudo.
Nesse
tempo,
o
Tempo era dono de si mesmo.
E as
velhas recordações
o
faziam voltar no tempo
e sem
tempo para pensar,
sentia
a Saudade o abraçar.
E
assim,abraçados,
permaneciam
calados,
esperando
a Saudade passar
e com
o Tempo,sem outro contratempo,
esquecerem-se
que o Tempo por ali
estava
a passar...
com as
suas pesadas correntes a carregar...
Débora Benvenuti
Comentários
Postar um comentário